sexta-feira, 11 de junho de 2010

os 6 graus que podem mudar o Mundo


Os 6 graus que podem mudar o Mundo (FONTE: NATIONAL GEOGRAPHY)

Vivemos num Mundo (sec XIX) pelo menos 1ºC mais quente que no sec XIX.

As previsões para o futuro são alarmantes:

•Dentro de 4 décadas os glaciares dos Himalaias fonte de água para milhares de pessoas terão desaparecido.
•Dentro de 50 anos a fusão do manto de gelo da Gronelândia poderá ser imparável.
•Até ao final deste século a Floresta Tropical da Amazónia que alberga metade da biodiversidade do Mundo poderá transformar-se numa savana árida.
Estamos à beira do aquecimento de um grau a temperatura mais quente em milhares de anos mas ao longo dos próximos cem anos poderá haver uma subida de temperatura de 1ºC a 6ºC e cada grau significa um futuro radicalmente diferente. Os dados actuais demonstram que a temperatura global média já subiu 0,8ºC.

Evidências contemporâneas do aquecimento global:

*Incêndios na Austrália que já era o continente mais seco do Mundo e agora está a sofrer a pior seca dos últimos 1000 anos. Os climatologistas prevêm que os incêndios piorem daqui a 30 anos.
O aquecimento global não significa apenas o lento aumento das temperaturas médias, este fenómeno altera completamente o funcionamento da Terra. É por isso que podemos ver secas numa região, inundações noutra ou até mesmo uma sucessão de secas e inundações no mesmo local.
Uma mudança de seis graus de um dia para outro é algo que se pode esperar no âmbito das oscilações meteorológicas normais. Seis graus em termos da alteração média global é diferente. Seis graus a menos é a diferença entre hoje e a última Era Glaciar há 18 mil anos. Se apenas 6 graus a menos transformaram a Terra criando uma Era Glaciar imaginem-na 6 graus mais quente………
As primeiras alterações acontecem na atmosfera constituída por uma pequena % de gases com efeito de estufa (um cocktail de vapor de água, metano, dióxido de carbono, óxidonitroso e ozono) que retêm a radiação emitida pela Terra, há medida que a concentração desses gases aumenta eles retêm mais calor o que pode afectar radicalmente o clima em todo o planeta. Ao longo dos últimos 250 anos as emissões dos gases com efeito de estufa subiram em flecha há medida que descobríamos cada vez mais formas de utilizar mais e mais energia. O CO2 é o preço oculto que pagamos.
Há agora 383 moléculas de CO2 em cada milhão, parece insignificante mas há medida que a concentração de CO2 aumenta o mesmo acontece com a temperatura em todo o planeta. O nível perigoso é de 450 partes por milhão e jás estamos em 383 ppm.

*Um aquecimento global de mais um ou dois graus célsius é um grande problema.

*Se o Mundo aquecer 1ºC o Árctico não terá gelo durante metade do ano abrindo aos navios a lendária passagem do Noroeste. Dezenas de milhares de casas junto ao Golfo de Bengala serão inundadas. O Atlântico Sul começa a ser fustigado por furacões, intensas secas na zona ocidental dos EUA provocam escassez de cereais e carne no mercado global, é provável o aparecimento de novos desertos entre Texas e California. Os padrões agrícolas são visivelmente alterados, por exemplo hoje é possível existirem viniculturas e plantações de oliveiras em Inglaterra enquanto a zona francesa de produção de champanhe está a aquecer demais para continuar a produzir uvas. Em breve as temperaturas do verão inglês serão semelhantes às mediterrânicas!

*No tempo dos nossos pais e avós era tudo mais fresco e verdejante….

Estamos tão próximos dos pontos de viragem que temos mesmo que estabilizar os níveis de CO2.
O planeta já passou por alterações climáticas mas geralmente estas processam-se ao longo de milhares ou milhões de anos agora o aquecimento global está a ser medido em décadas até em anos! Isso significa que há imensas espécies que não vão conseguir acompanhar o ritmo, aquecer a esta velocidade poderá levar-nos para território desconhecido. O aquecimento global começou por o nosso apetite insaciável por energia.
Quase 90 % da energia do Mundo começa por ser um combustível fóssil: carvão, petróleo, gás natural. Mas é impossível escapar à química resultante da queima de restos mortais fossilizados de animais e plantas pré-históricos: o dióxido de carbono.
Juntos, estes três combustíveis constituem a maior fonte de emissões de CO2 que inundam a atmosfera. Eles melhoraram a qualidade de vida de gerações e é difícil imaginar como seria passar sem eles. E o impacto carbónico de tudo o que fazemos vai-se acumulando.
Nota: Nos EUA a emissão de gases resultantes do processo de produção de cheeseburguers é maior que a emissão de GEE de todos os automóveis!
Se a temperatura subir mais que um grau poderá ameaçar o delicado equilíbrio da natureza do fundo dos mares aos cumes mais altos do mundo. As alterações deixarão de ser graduais: os glaciares da Gronelândia desaparecem, a falta de gelo já é tanta que os ursos polares tem dificuldades de locomoção, os insectos migram em novas e estranhas direcções, há medida que um clima temperado avança para norte dos EUA os escaravelhos dos pinheiros matam as árvores das florestas de casca branca a principal fonte de alimento para um urso pardo no Outono, novas florestas instalam-se na tundra que derrete no Canadá, as ilhas de Tuvalu (?) no Pacífico desaparecem sob as marés que sobem sob o efeito do aquecimento global…este poderá ser o nosso mundo com mais 2ºC.

Mas um aquecimento de 2ºC no ecossistema marinho é muito mais severo, podemos vir a perder a maioria dos recifes de coral do mundo, mais de 1 milhão de espécies diferentes, vivem, alimentam-se e reproduzem-se junto dos recifes, precisam mesmo do recife e é-lhes impossível viverem sem ele.
Os oceanos são o maior depósito de carbono do planeta, o principal mecanismo natural para absorver o CO2 atmosférico, mas ultimamente há indícios de que se estão a deteriorar.
Em condições normais espécies minúsculas como os foraminíferos e os cocolitóferos (?) absorvem o CO2 da água e utilizam-no para formar as suas conchas e os seus esqueletos mas há um ponto de viragem em que o excesso de CO2 nos oceanos torna a água cada vez mais ácida. A acidificação destrói as conchas e os esqueletos dessas criaturas e impede-as de absorver mais CO2 da água Estes animais minúsculos que apenas medem 1mm estão na base da cadeia alimentar marinha e o destino de todas as criaturas marinhas de todas as formas e feitios está em jogo.
Se alterarmos a química do oceano o principal mecanismo para controlar o clima começa a falhar. Se perdermos um recife de coral talvez percamos 500 mil espécies.
A Natureza levou 150 mil anos a construir o grande manto de gelo da Gronelândia que está agora a derreter-se no mar mais depressa do que nunca. Há medida que desaparecer o gelo da Gronelândia haverá inundações em zonas costeiras de todo o Mundo. Um glaciar da Gronelândia desloca-se 40 metros por dia derretendo-se no mar duas vezes mais depressa que há 10 anos, a quantidade de gelo que se desprende deste glaciar em apenas dois dias contém água suficiente para abastecer a área metropolitana de Nova Iorque durante um ano.
Hoje em dia na Gronelândia a maior parte dos pescadores usa um barco em vez de um trenó!
O manto de gelo da Gronelândia tem mais de 150 mil anos.
Em 1992 havia 5,6 km de glaciar a deslizar em direcção ao mar e a desaparecer, 10 anos depois esse nº aumentou para 15,5 km por ano o que é bem mais que o dobro!
O gelo agora derrete tão depressa que o nível dos oceanos podem subir nada menos que 1 m durante os próximos 100 anos!
O manto de gelo da Gronelândia contém água congelada suficiente para aumentar o nível global do mar em cerca de 7 metros, o suficiente para afundar Nova Iorque, Londres, Banguecoque, Xangai, etc.
Muitos cientistas concentram-se nos 2 graus de aquecimento como o ponto de viragem que irá alterar as bases do nosso modo de vida neste planeta. O aquecimento acelera a perda de gelo polar e a perda de gelo acelera o aquecimento., mais água derretida absorve mais calor do sol derretendo o manto de gelo e aquecendo o planeta ainda mais depressa…é então que o aquecimento global se torna numa reacção em cadeia imprevisível.

3ºC: O Árctico não terá gelo no verão, a floresta tropical da Amazónia seca, a neve que cobre os cumes dos Alpes praticamente desaparece, os padrões meteorológicos extremos do El Niño passam a ser uma constante, o Mediterrâneo e algumas regiões da Europa definham sob o calor escaldante do Verão, as ondas de calor serão uma norma e trarão para o centro da Europa as temperaturas que agora existem no Médio Oriente e Norte de África. Recordemos a vaga de calor em 2003 que varreu toda a Europa como um lança chamas, tendo morto na noite de 10 de Agosto só em Paris entre 2500 pessoas a 3000 pessoas. Os telhados de metal(estanho) da cidade parisiense foram construídos para uma era anterior, destinavam-se a proteger do frio do Inverno mas agora a subida das temperaturas virou-os contra os parisienses e as casas tornaram-se em autênticos fornos. O nº de mortos devido ao calor em toda a Europa viria a ser superior a 30 mil! Só em França morreram mais de 14000 pessoas em apenas algumas semanas!
Durante a onda de calor de 2003 aconteceu outro fenómeno imperceptível que se desenvolveu entre árvores e plantas da Europa, uma espécie de revolta da vegetação, a fotossíntese tinha entrado em colapso, Em condições normais as árvores são a 1ª linha de defesa contra os GEE absorvendo o CO2 e convertendo-o em O2 que é libertado para a atmosfera, mas no calor extremo desse verão as plantas retiveram o oxigénio libertando o CO2 para a atmosfera! Pensemos no que o que acontecerá À biosfera se este mecanismo vital parar de funcionar regularmente?
Na Floresta Amazónica são produzidos 20 % do oxigénio do mundo. Um aquecimento global pode reduzir essa região das mais húmidas do mundo a uma savana recortada e árida!
Verão de 2005,alguns dos afluentes do rio Amazonas secaram! O exército brasileiro teve de carregar de helicóptero quantidades brutais de água para impedir que as pessoas dessas regiões morressem de sede! E pensar que isto foi na orla do anterior imponente Amazonas! Na esteira do verão de 2005 ardem mais de 2500 km quadrados da floresta Amazónia .
As árvores ajudam a formar 50 % da precipitação da Amazónia. Num mundo 3º mais quente a perda se grande parte da Amazónia poderá libertar milhões de carbono armazenado nas copas das árvores, talvez intensificando o aquecimento global em mais um grau…
Esse mundo 3º mais quente podia pender a balança para um aquecimento global descontrolado…não há nada no passado que nos possa preparar para estas condições extremas.
Há medida que os oceanos se tornam cada vez mais quentes surge um novo padrão climático global que reflecte a violência da anomalia meteorológica a que chamamos El Niño.
À escala geológica, no Piloceno, altura em que havia cerca de mais 3 graus do que há agora no padrão de circulação oceânica no Pacífico era diferente e havia um El Nino permanente.
Normalmente os ventos alíseos empurram as correntes quentes do oceano para o Pacífico Ocidental deixando ficar as águas frias e ricas em nutrientes junto à costa da América do Sul, o El Niño vira esse sistema de pernas para o ar. Os primeiros indícios são as variações da pressão atmosférica: os alíseos enfraquecem e mudam radicalmente de direcção, as águas quentes espalham-se pelo pacífico em direcção a leste, chuvas torrenciais e inundações atingem as regiões costeiras da América do Sul, as florestas tropicais da Indonésia e os terrenos aráveis da Austrália experimentam condições de seca extrema.
Num mundo 3 graus mais quente, haverá muito mais energia nos oceanos para alimentar os furacões.
O que vimos: verão 2005 furacão Katrina atinge Nova Orleães com 380 km / h. O furacão Katrina foi de nível 5 mas investigadores dizem que num mundo 3 graus mais quente podemos vir a ter furacões de nível 6.

4ºC: os oceanos irão subir envolvendo deltas super povoados onde vivem mil milhões de pessoas, o Bangladesh é arrastado pelas águas, o Egipto inundado, Veneza ficará submersa, os glaciares irão desaparecer cortando o abastecimento de água doce a milhares de milhões de pessoas, o norte do Canadá transforma-se numa das zonas agrícolas mais férteis do planeta, enquanto que uma praia na Escandinávia poderá tornar-se na próxima St Trpez, todo o manto de gelo da Antárctida poderá desaparecer fazendo subir ainda mais o nível do mar.
Aos 4 graus começamos a ver um planeta totalmente irreconhecível : alguns dos rios mais importantes do mundo poderão secar e isso fará perigar a sobrevivência de milhões de pessoas. Se algum dia o planeta aquecer 4ºC um dos seus rios irá auto-destruir-se : o rio Ganges fonte de vida de milhões de pessoas na China e no Nepal. A seguir às calotes polares os glaciares dos Himalaias albergam a maior quantidade de água doce do mundo. O glaciar dos Himalaias tem vindo a diminuir 30 m por ano desde a 2ª metade do sec XX Calcula-se que em 2035 ao ritmo actual já não haverá glaciares nos Himalaias semeando o caos na agricultura, na energia hidroeléctrica…e sem Ganges os hindus perdem o que lhes é mais sagrado.
Consequências sociais: dezenas de milhão de refugiados do clima.


5ºC: a civilização humana nunca poderá suportar tal choque climático.
É a 5ª dimensão das alterações climáticas, uma visão de pesadelo da vida na terra.
Os sistemas sociais tradicionais ruiriam, os sobreviventes lutariam entre si para adquirir os bens que restam.

6ºC: os oceanos serão terrenos marinhos estéreis, os desertos marcham sobre os continentes como exércitos conquistadores, as catástrofes naturais são eventos comuns, cidades do mundo inundadas e abandonadas.

O aquecimento de seis graus durante períodos mais longos têm estado ligados a alguns dos casos mais devastadores de extinção em massa de todos os tempos. É justo presumir então, que se a temperatura subir 6 ºC em menos de 100 anos iremos assistir a uma aniquilação global. Aos seis graus de aquecimento foi atribuído o nome de cenário de juízo final.
Mas nem tudo está perdido…ainda! A maioria dos peritos acredita que podemos despertar do pesadelo. Neste momento, a temperatura média “só” subiu 0,8ºC mas não temos muito tempo porque um aquecimento de 2º C deixa-nos à beira de um aquecimento global descontrolado que poderá mudar drasticamente o nosso modo de vida. O auge das emissões só se poderá dar até 2015 e em menos de uma década é necessário encontrar fontes de energia sustentáveis para a maior parte da humanidade.
O que se tem sucedido é que: os seres humanos aparecem, desenterram o material, descobrem que é uma fonte de energia incrivelmente valiosa e sem pensar nas consequências queimam-no e devolvem o carbono que a Terra levou milhões de anos a armazenar de volta à atmosfera em menos de um século! Por isso na verdade, estamos a produzir as condições extremas do Cretácico só que desta vez a uma velocidade estonteante, tão depressa que a maioria das espécies não terá a oportunidade de se adaptar e sobreviver.
E agora que sabemos de tudo isto, o que vamos fazer?

2 comentários:

  1. Acabamos de concluir uma pesquisa - Região da Grande Vitória (ES) - voltada ao estudo da percepção ambietnal da sociedade frente à problemática (causas, efeitos, prós e contras) das Mudanças Climáticas. Há interesse em receber os resultados da pesquisa?
    Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
    roosevelt@ebrnet.com.br

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  2. quais são as hipoteses do documentario sobre as teorias do aquecimento?

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