quinta-feira, 23 de junho de 2011

Dívida Externa: vender Portugal?




Bem, então toda a gente sabe que Portugal tem uma dívida externa com o exterior astronómica, e que o acordo de resgate financeiro assinado com o FMI (Fundo Monetário Internacional) foi a solução encontrada para pagar o nosso défice externo, ou seja, contrair uma dívida para pagar outras. Ontem então saiu uma notícia no diário económico que dizia que os juros da dívida batem novos máximos em todos os prazos.(ler: juros).
E saiu outra notícia a dizer que 30% dos portugueses estão dispostos a emigrar para poderem trabalhar (ler: emigrar). 
Realmente mas afinal quanto é que temos de pagar? E a quem mesmo?
Sinceramente eu também sou jovem e até aconselho os jovens a emigrarem se não têm oportunidades no seu país, até porque este ordenado mínimo é uma miséria e os preços daqui são iguais ou mais caros que outras zonas da UE. Se calhar é melhor os jovens irem para outro sítio senão têm de ficar aqui a pagar a dívida até velhos! Até a China nos quis comprar a dívida, que amiguinhos que eles são, bem sabemos que isto para vocês agora devem ser uns trocos mas o que quereriam em troca? E se por ventura não tivéssemos dinheiro para pagar o que vos devíamos mais os juros que vocês querem o que aconteceria?
Que podíamos fazer mais? sei lá, os alemães disseram para os gregos venderem as suas ilhas, nós podemos seguir a peugada e começar a vender os Açores e a Madeira antes que as agências de rating baixem o potencial paradisíaco das nossas ilhas para o nível lixo! Assim talvez para nos ajudar os alemães nos comprassem a Madeira, os Açores podiam vender à Nato já que eles gostam tanto de por lá passar e têm lá uma base militar, o Algarve ficar para os ingleses, o Alentejo já agora ficava para os espanhóis fazerem a sua produção agrícola já que os portugueses não devem saber nada de agricultura, tanto é que a União Europeia paga-lhes para não produzirem já que são mesmo muito incompetentes! Se ninguém quisesse mais retalhos podíamos ficar com o que falta de Lisboa para cima, mas até mesmo assim era bom que pudéssemos conseguir vender a região do Douro aos britânicos porque eles adoram o vinho do Porto e eles sim têm uma capacidade visionária de pôr isto a andar, eles sim iam conseguir elevar a nossa capacidade produtiva enferrejuda. E a língua portuguesa iria sofrer mais modificações que o acordo ortográfico, o português agora pode ser europeu ou português brasileiro, nesta sequência iria renascer outra: a língua brasileira (é um pouco triste ter tomado conhecimento de pessoas estrangeiras que dizem que falam brasileiro!!! e também triste foi uma cadeia de TV brasileira ter comprado novelas portuguesas e depois dobrar as falas dos portugueses para sotaque brasileiro, porque tinham dificuldade em entender o  português europeu!!! ).




Bem isto foi um desabafo muito ironizado claro está no seguimento de toda a esta situação. E aproveito para demosnstrar a repugnância que sinto por todos os portugueses (e não são assim tão poucos) que conheço e dizem: "isto devia de ser uma província de Espanha!", "Epah isto nas mãos dos espanhóis ficava uma beleza!", etc. Só mostra a falta de consideração que vocês têm pelo vosso país e por vós mesmos.
Já repararam que os jornais e as televisões e os políticos não têm grande interesse de fazer com que as pessoas percebam o porquê de isto estar como está? Ou seja senão percebemos algo devemos ser uns iletrados em economia e devemos deixar isto para quem sabe...depois aqueles que sabem se fizerem asneira nem pedem desculpa e vão-vos pedir que apertem o cinto....
Bem então eu fui, outra vez, à procura de respostas:


Então, num estado equilibrado, em que não se gasta mais do que se tem:


Balança Corrente+ Balança de Capital+ Balança Financeira=0


se um país não conseguir formar poupança internamente (pública ou privada) pode continuar a financiar o investimento desde que recorra a poupança externa, no entanto, esta possibilidade implica o recurso ao endividamento externo (que se contabiliza na balança financeira) a não ser que o país disponha de muitos auxílios ao exterior (que são contabilizados na balança de capital).
O endividamento externo tem limites e as instituições financeiras do exterior que emprestam aos agentes económicos de um determinado país tendem a reduzir os empréstimos quando o nível de endividamento é muito elevado, duvidando da possibilidade dos agentes económicos continuarem, no futuro, a satisfazer as necessidades de empréstimos. 




A principal função dos intermédios financeiros é conseguir o encontro entre agentes com capacidade de financiamento e os que necessitam de recorrer a poupanças alheias para financiar a sua actividade.

Há dois tipos:
*IFM= instituições financeiras monetárias
Têm a capacidade de criar moeda e intervir activamente no processo de financiamento da actividade económica.
Na área Euro há 3 tipos de IFM:
- Eurosistema (BCE e Bancos Centrais dos países da UEM).
-Grupos das instituições de crédito  (ex: caixa de crédito agrícola).
-outras IMF como Fundos do Mercado Monetário.
*IFNM= instituições financeiras não monetárias
Não podem criar moeda mas recebem poupanças dos agentes que neles confiam e depois fornecem crédito a outros agentes essencialmente através da compra de títulos (acções e obrigações) emitidas pelas empresas que necessitam de financiamento.
-Fundos de capital de risco.
-Fundos de sociedade de titularização de crédito.
-Fundos de Investimento.
-Instituições financeiras de crédito.
-sociedades financeiras para aquisição de crédito.



Os intermédios financeiros (instituições financeiras de crédito, Eurosistema (BCE), fundos de investimento, etc) são as garantias de encontro mais fácil e eficaz entre agentes com capacidades de financiamento e os que necessitam de financiar os investimentos que se pretende realizar.  Há situações em que a poupança não é toda canalizada para investimento (porque parte dela é entesourada) e há intermediários financeiros específicos basicamente os bancos que conseguem criar moeda e assegurar financiamentos necessários. As instituições financeiras monetárias emitem instrumentos negociáveis como acções, unidades de participação em fundos de mercado e títulos da dívida. 
Os bancos concedem crédito e criam moeda não apenas para financiar os financiamentos das empresas produtoras de bens e produtoras de bens e serviços, das administrações públicas ou mesmo das famílias quando compram habitações mas cada vez mais financiam as despesas de financiamento das empresas (créditos a curto prazo) e até o consumo de famílias (créditos ao consumo privado).
O processo de criação de moeda por parte dos bancos é indispensável para a garantia de financiamento da actividade económica e não deverá ser totalmente independente da evolução global do sistema económico sob perigo de se agravarem os desequilíbrios a nível interno (subida de preços, défice de contas públicas…) e das contas com o resto do Mundo.
Compete às autoridades monetárias assegurar o controlo da massa monetária intervindo nos processos de criação de moeda que inclui não só a emissão de notas e moedas (moeda legal) como também a moeda criada pelos bancos (também designada por “moeda escritural”).
Depois de assinado o tratado de Maastricht que estabeleceu como objectivo a adopção de uma moeda única europeia (o Euro), foram retiradas de circulação as notas e moedas nacionais e o Banco Central Europeu (BCE) é que tem o monopólio de emissão de moeda legal e só os intermédios financeiros IFM têm acesso ao Banco Central. 





in introdução á Macroeconomia de F. Louçã e Ferreira do Amaral, entre outros