terça-feira, 7 de junho de 2011

ver o desemprego por um canudo



Eis a geração que aplicou cerca de pelo menos entre 15 a 17 anos da sua vida a estudar para se ver no ridículo de muitas vezes ter de esconder o curso que tirou aquando se vai empregar num trabalho mal remunerado e não qualificado como cadeias de fast-food ou caixas de supermercado na tentativa de apenas puder trabalhar e ganhar algum dinheiro e independência, em resumo quase que para não morrer à fome.
Assim encurralados pelo desemprego, os jovens oscilam entre cursos, estágios e trabalhos precários.
Esta é geração mais qualificada, informada e inteligente da História, a geração à rasca que enche as ruas em protesto contra precariedade e é a mesma geração que não vão votar na mudança que tanto anseiam, não são capazes de ter uma argumentação digna do seu nome, têm uma personalidade cópia de todos os outros, não há crítica, discussão, pontos de vista...e num mundo em que todos pensam o mesmo é porque ninguém pensa de verdade!
Mas relembrando uma notícia antiga sobre o ensino superior:
"Em dois anos as universidades públicas fecharam 15% dos cursos em dois anos, isto equivale a 737 cursos entre 2009 e 2010 e 51% desses cursos nunca tiveram alunos inscritos e não chegaram sequer a entrar em funcionamento".
Haverá canudos a mais então?
Não sei, talvez, mas isso é bom (ou deveria ser), supostamente significaria uma juventude mais inteligente e interessada (o que não me parece mas se calhar é só impressão minha, espero!).
Mas ter um canudo não é e nunca deveria ser sinónimo de futuro assegurado, ou seja não se deverá pensar "Queimei as pestanas e agora dêm-me um emprego...sim porque eu estudei e agora tenho que ter um emprego a ganhar bem e chamarem-se Sr Doutor antes do meu nome civil!".
A economia não absorve gente formada nem formada: mirrou!
Numa Europa agora sem capital pois as suas empresas mudaram-se para países pobres onde podem escravizar as pessoas e poluir o ambiente, sem produção não há emprego, nem para novos nem mais velhos, nem para qualificados ou não qualificados.
Assim os jovens vão-se entretendo com licenciaturas, mestrados, doutoramentos, pós-graduações sem uma oportunidade válida, sem o emprego digno, sem direitos...e perguntam "porquê!", "porquê?", o mérito muitas vezes é substituído por cunhas e o know how pelo know who, não basta ser bom ou o melhor é preciso contactos, aliás muitas vezes isso só basta!
Tanto jovem desempregado e ao mesmo tempo os plenários de discussão pública e debates estão às moscas, as manifestações esvaziam,...e o Bairro Alto e os jogos de futebol enchem todas as noites.
Uma geração egoísta que nunca tentou perceber o porquê do Mundo estar assim só pensando em si e no seu sucesso próprio está condenada ao fracasso absoluto.
Uma geração que não luta pelos seus direitos e cruza os braços não vale de muito!
Uma geração de zombies não tem outro futuro senão morte precoce...e só há uma alternativa: acordar!
Crónica de Daniel Oliveira: A Geração Perdida
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