segunda-feira, 20 de junho de 2011

A moeda e a função financeira


 O que é a moeda?

A moeda define-se pelas funções específicas que desempenha:
*1) um meio de pagamento: a moeda permite as transacções entre os agentes económicos no mercado de bens e serviços e a remuneração de factores produtivos no processo de rendimento nacional.
*2) uma unidade de conta: a moeda é o padrão que permite medir os valores relativos dos diferentes bens e serviços que se transaccionam no mercado.
*3) uma reserva de valor: a moeda permite desfasar as trocas no tempo, ou seja, guardar uma parte do rendimento actual para o poder gastar no futuro, possibilitando a formação de poupanças e a atribuição de créditos.
A moeda é sobretudo um activo que constitui uma forma imediata de sorver débito e que confere a quem o possui um direito sobre uma parte da produção global de bens que pode ser transmitido a outra pessoa ou entidade.
O que é a massa monetária?
É a quantidade de moeda que existe na economia num dado país num dado momento e é constituída por:
-notas e moedas em circulação.
-depósitos à ordem.
-depósitos a prazo.
-outras aplicações que podem exercer funções de moeda (ex: títulos de dívida de curto prazo emitidas por bancos).


Nos países que aderiram ao Euro a emissão de notas é da responsabilidade do BCE (Banco Central Europeu) que também tem a responsabilidade da política monetária, em particular no que se refere ao controlo do crescimento da massa monetária existente nessa mesma zona euro.
Quando o nosso país dispunha de moeda própria (o escudo antes de 1999) essas funções eram exercidas pelo Banco de Portugal que hoje está representado pelo seu governador em pé de igualdade com outros países da zona Euro, no Connselho de Administração do Banco Central Europeu, pelo que as principais decisões deste são tomadas com o voto dos representantes dos bancos centrais dos países da zona Euro.
Grande parte da massa monetária actualmente existente num país é criada pela actividade do sistema bancário. A actividade bancária exerce-se em particular na aceitação de depósitos e na concessão de crédito aos outros agentes económicos.
Para emprestarem o dinheiro que recebem, os bancos têm que confiar que os depositantes não se vão dirigir todos ao mesmo tempo ao banco para levantarem o dinheiro que lá depositaram. Mas, salvo situações de pânico, basta uma pequena percentagem de depósitos mantidos nos bancos para fazer face aos levantamentos dos depositantes. por isso, as legislações que regulam a actividade bancária obrigam os bancos a manterem a reserva nos seus cofres (ou em depósitos do Banco Central,que é a autoridade monetária e que empresta dinheiro aos bancos e aceita depósitos deles) uma % dos depósitos (a esta % damos o nome de taxa de reservas obrigatória.
Suponhamos que o BCE compra títulos  (por exemplo, títulos da dívida públicaou títulos de dívida do BC) aos bancos. Isso significa que os bancos ficam com menos títulos na sua posse mas com mais dinheiro depositado no BC para além do que era requerido para reservas obrigatórias. Então, os bancos poderão emprestar esse excedente.
Pode haver criação ou destruição de massa monetária.


Como é que os Bancos Centrais podem regular o montante das massas monetárias de um país?
1)Podendo fazer variar a taxa de reservas obrigatórias: um aumento significa um efeito redutor da massa monetária e uma diminuição da taxa de reservas um efeito multiplicador da massa monetária.
2)Fazendo variar os depósitos dos bancos no Banco Central através da compra ou venda de títulos (operações de mercado aberto). Comprando títulos aos bancos, o BC faz aumentar a massa monetária, vendendo faz diminuir.
3)Aumentando (ou diminuindo) a taxa de juro a que empresta dinheiro as bancos. Esta medida indica as intenções da autoridade monetária:
*um aumento da taxa de juro significa que a autoridade monetária tem a intenção de reduzir o aumento da massa monetária, o crédito vai-se tornar mais difícil de obter e portanto mais caro, pelo que, em resposta ao aumento desta taxa de juro do B.C os bancos sobem as suas próprias taxas de juro, o crédito torna-se mais caro, os agentes económicos (famílias, empresas, Estado) recorrem menos a ele e os bancos procuram outras aplicações para o dinheiro dos agentes económicos que têm em depósito reduzindo-se o efeito da criação da massa monetária.

A autoridade monetária da área do Euro é o sistema Europeu de Bancos Centrais que inclui o Banco Central Europeu e os bancos centrais de diversos estados que compõem a zona Euro.
Qualquer transacção no mercado de bens e serviços é efectuada através de operações de compra e venda de produtos. No processo de produção a remuneração dos factores produtivos faz-se em pagamentos monetários.  A actuação do estado exige a definição de montantes financeiros.
Na actualidade, a maioria das transacções monetárias é realizada por ou através de intermédios financeiros (principalmente os bancos).
O Governo e o Banco Central são agentes económicos e simultaneamente autoridades reguladoras do sistema económico e monetário e conseguem influenciar a evolução de todo o sistema económico e financeiro através dos instrumentos de política monetária. 
O controlo da massa monetária pode ser utilizado para estimular ou arrefecer a economia influenciando não só o nível dos preços como o crescimento do produto e através do próprio nível de emprego.


in Introdução à Macroeconomia, F.Louçã, Ferreira do Amaral entre outros