quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sem Abrigo


Sempre me incomodou haver gente sem abrigo, muitas vezes quando era criança ou pré-adolescente e via alguém a pedir esmola na rua, a dormir ao relento, estendido em paragens de autocarro, deitado nas escadas ou embrulhado em caixas de cartão escondendo a sua vergonha e ao mesmo tempo tentando abrigar-se do frio ou do calor...eu chorava! Mas a vida vai-nos tornando seres apáticos e insensíveis à medida que vamos crescendo, e isso aconteceu comigo e com a maior parte das pessoas (de outro modo não haveria sem abrigos), acontece que fomos-nos habituando a ver os sem-abrigos como uma paisagem de lixo urbano, tendo sempre a tendência a ver, sentirmos-nos incomodados e enojados, desviar o olhar, passar à frente e continuar a andar à frente alienados da triste e feia realidade envolvente simplesmente focados nos nossos pequenos problemas.
 Às vezes por descarte de consciência damos-lhe umas moedinhas, outras vezes o mais provável é ignorarmos mas a maior parte das pessoas simplesmente não encara essas pessoas como pessoas...mas sim lixo!
Há demagogos, pessoas que sempre tiveram uma vida boa ou então em condições que dizem: "vão trabalhar mas é!", como se algum empresário empregasse um sem abrigo que não tem nada: não tem como cuidar da sua higiene, não tem conta bancária e está num estado desmoralizado e depressivo intenso. Não é justo fazer essa afirmação "Vai trabalhar!", você pense um pouco, nenhuma empresa empregaria um sem-abrigo.
A responsabilidade fica então a cargo de quem? do Estado social! O Estado Social está alicerçado nos ideais de justiça, igualdade e humanidade, os nossos impostos servem para isso mesmo mas estão a ser desviados das pessoas para tapar buracos financeiros de bancos que foram à falência devido a falcatruas dos seus dirigentes (BPN), em 3 auto-estradas para a cidade do Porto, TGV's, etc, etc, etc.
Porque é que alguém se torna sem-abrigo? são muitas as causas, pode ser o vício da droga ou álcool mas também há muitas pessoas que simplesmente não puderam pagar empréstimo ao banco e ficaram sem casa, outras que são rejeitadas pela família (homossexuais ou idosos que dão muito trabalho), imigrantes que vieram em busca de uma vida melhor mas ou estão ilegais, ou não lhes pagam o devido ordenado, mas também pensionistas que recebem reformas de miséria (enquanto políticos ganham só de reforma por um cargos milhares de euros).
Já vi sem abrigos em muitos lugares, dia ou de noite, velhos e novos, até nos locais mais improváveis que pensei existirem: na Dinamarca e na Suécia (países cujo Estado é altamente social e paga tudo aos seus cidadãos). Fiquei chocada por ver que até países altamente desenvolvidos e com um elevado índice de desenvolvimento humano tinham estes flagelos sociais...e eu estava à noite à porta de um bar a falar com uma pessoa nativa da Dinamarca e à minha frente estava um sem-abrigo a tossir...qual foi a minha reacção? fingi que essa pessoa não estava lá, ali nessas condições e continuei a conversa como se nada fosse.
Simplesmente estas coisas para mim são tão impensáveis de poderem existir que não consigo acreditar, e sim também costumo desviar o olhar e fingir que não foi nada...mas vou mudar esta atitude.
Evitei sempre de comprar a CAIS e uma vez na minha pressa diária de fazer nada de especial neguei ajuda a uma instituição para sem-abrigos!
Sim, eu também fui parte da real escumalha social, mas mudarei a minha postura...aliás passei a fazer mais doações para instituições que pedem dinheiro para causas à porta de supermercados e outros locais públicos.
O problema é que cada vez há mais gente a pedir e não podemos ajudar todos senão deixamos de ter dinheiro para as nossas coisas, mas doar 5,10, 15, 20,25 euros por mês não nos causa nenhum prejuízo (a quem ganha mais que o ordenado mínimo pelo menos).
Às vezes juro que me irrita ver tanta gente a pedir, credo! Pois eu acho que em Portugal pagamos tanto ou mais impostos que na Escandinávia mas nós, ao contrário dos escandinavos, não os canalizamos para as pessoas. Em resultado, muito do nosso dinheiro está a ser mal investido e/ou a encher os bolsos de muito corrupto político e amigos.

Há muitos casos destes, mas decidi focar-me neste: num blogue que sigo chamado questões nacionais, achei-me no dever de divulgar também esta situação chocante:
http://questoesnacionais.blogspot.com/2011/10/indigne-se-contra-esta-miseria-humana.html
http://questoesnacionais.blogspot.com/2011/10/o-caso-anildo-monteiro-continuacao.html
Este Sr é originário de Cabo Verde mas está em Portugal desde 1984 tendo até trabalhado como mecânico. Segundo o que li este Sr está em Coimbra e vive em condições semelhantes a um cão vadio: dorme nas ruas onde calha, mesmo em pedras de calçada sujas e duras, sem o mínimo de conforto, privacidade e higiene, defecando e urinando sem qualquer pudor na via pública (pois um sem-abrigo não tem casa de banho...não tem casa!), come aquilo que almas caridosas têm a caridade de lhe dar ou então à falta disso vasculha por entre os caixotes de lixo e come de lá directamente restos pútridos.
Como é possível um país dito desenvolvido, na União Europeia (des)tratar assim as pessoas? negando-lhes os direitos mais básicos? ainda por cima um cidadão palop que está cá há quase 30 anos! Não há dinheiro? Não há é vontade! enquanto o Jardim faz heliportos para gaivotas, estradas que ligam 2 casas entre outras coisas absurdas e aqui se fazem 3 auto-estradas para o Porto e se quer privatizar as estradas  e pôr as pessoas a pagar como se fossem auto-estradas! Há muito corrrupto por aí, e políticos com várias reformas que embora legais são chocantes (tipo Catroga que ganha 10 mil euros mensais de pensão por ter sido ministro das finanças).
 Indignai-vos!
O miserável não éo Sr. Anildo, nem todos os sem-abrigos que existem mas sim quem permite que alguém viva na miséria!

Você sabe quem é esse quem? sou eu, é você, são os políticos, somos todos nós!