sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tragédia Grega e uma odisseia pela crise europeia

A Grécia está a ser palco de uma verdadeira tragédia grega...até a palavra crise vem do grego "krisis"...

Então em que é que ficamos a Grécia já não vai fazer o referendo à sua permanência no Euro como foi anunciado?

Muitos dizem que esta táctica adoptada pelo primeiro ministro era a descartar-se das culpas e remeter a responsabilidade para o povo grego, outras pessoas argumentam que os políticos já nem sabem que opção escolher. O suposto referendo perguntaria aos gregos se eles querem continuar a ser "ajudados" pelo FMI, um "Não" significa que o país ficará, dizem, na bancarrota e levará a prejuízos incalculáveis na banca europeia...de salientar que os próprios bancos alemães que investiram na Grécia dizem já ter perdido milhões! Apesar de 50% da dívida grega ter sido "perdoada" um "não" no referendo significa que os gregos não vão pagar a totalidade do que devem, por isso mesmo sairiam voluntariamente do Euro e por conseguinte da União Europeia...assim talvez a bancarrota seja real...mas se o "Sim" ganhasse o que aconteceria? bem lá receberiam a dita ajudinha dos amigos europeus e da troika...mas ainda mais medidas de austeridade seriam aplicadas.
Para além disso antes do anúncio do referendo as forças militares foram todas substituídas...curioso! talvez seja para não ajudarem a população num golpe de Estado ou estão a mando de alguma entidade exterior...
Ora eu como nada percebo de economia, continuo a não perceber a quem é que a Grécia deve alguma coisa, assim como Portugal...se gastamos mais do que tínhamos, onde o fomos buscar? 
Já cheguei até a duvidar que exista uma crise assim tão real, não que haja muitas pessoas na miséria e empresas na falência que isso não duvido, mas duvido que toda esta esquizofrenia de mercados seja ensaiada, é que por mais cortes que façamos e mais duros que sejam não estou a ver como vamos conseguir só por si só pagar o que supostamente devemos mais os juros astronómicos que nos exigem! Ainda mais com medidas recessivas que não apostam na produção nacional tipo os pescadores portugueses pescarem na nossa costa e corrermos com os franceses e espanhóis, bem como aumentarem as quotas de produção agrícola em Portugal...coisa que a União Europeia decide a seu belo entender...
Por isso mesmo sim eu duvido que esta crise seja real, pelo menos até nos explicarem de facto onde fomos buscar o dinheiro que não tínhamos, como o fomos arranjar e quem nos emprestou, e porquê? Quem está por detrás dos mercados financeiros? e porque se dá tanta importância à bolsa de valores e ao jogo de sorte e azar em vez de nos focarmos apenas na criação de riqueza real e não especulativa? 
E já agora não tenho mais paciência para as notícias da bolsa esquizofrénica cujas acções estão sempre ora a subir ou a descer a pique!
Continuo à espera que algum brilhante economista venha à televisão esclarecer-nos já que bem sabemos os políticos não o farão...basicamente estamos em crise porque estamos, afinal não há dinheiro e não temos soberania económica nenhuma...estamos nas mãos dos nossos credores...quem são esses credores, porra?
Já cheguei a fazer teorias da conspiração se entidades como o FMI e núcleos da União Europeia não estão a fazer negócio com a tragédia grega e o fado português...
Até algum economista me explicar isto não posso deixar de especular (aliás é mesmo isso que eles sabem fazer bem: especular), sempre é melhor que engolir em seco todas as balelas que nos impingem...ou querem impingir, porque a mim não me impingem nada.


Por isso para mim é sempre bom ler que há quem escreva coisas com as quais muitas vezes me questiono sobre tudo isto, e foi isso que aconteceu hoje ao ler o Destak de 4 de Novembro de 2011, uma crónica de Pio Abreu (psiquitara e professor universitário)

O pânico e o riso
"Dirigentes europeus, eurocratas, economistas do sistema, banqueiros, investidores, especuladores e gestores de fundos entraram em pânico esta semana. Porquê? Porque o Primeiro Ministro grego resolveu colocar a democracia acima das finanças, depois de ver o seu país humilhado por quem lhe impinge submarinos e outras inutilidades, o roubo com juros usuários, o armadilhou com as promessas do euro e lhe secou financiamentos privados enquanto recebia sem queixume as poupanças que circulavam da periferia para o centro da Europa.

Todos berram contra os gregos porque sabem que, com a desistência de um pequeno país em alinhar com demandas impossíveis, é o sistema financeiro que entra em colapso, bem como a possibilidade de fazer dinheiro a partir de dinheiro. Mas ninguém cuida de olhar para os pés de barro em que tal sistema assenta. Na verdade, foram eles que o promoveram, e dele receberam o seu sustento.
As improdutivas classes que agora entraram em pânico andaram anos a fio a enfraquecer os Estados e favorecer os mercados predadores que já ninguém controla.

Entretanto, a China ri-se. Fiéis ao primado da política, nunca os chineses abdicaram do seu poder sobre os mercados, dos quais foram, paulatinamente, tirando o melhor proveito. Hoje vê-se que ganharam. Mas não deixa de ser irónico que, enquanto a estratégia da China se mostra vencedora , um país do Mundo livre é acusado de devolver à política democrática as decisões vitais para o seu futuro."

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