sábado, 16 de março de 2013

IV Reich



"No I Forum Portugal-Alemanha são reveladas as linhas de força seguidas pelo Governno de Merkel para a construcção de uma Europa que só terá possibilidades de sobreviver sob a batuta da disciplina alemã[...]
A política de Berlim tem sido a criação de fundos de resgate que são apresentados como acto de generosidade de Berlim e aliados, quando na verdade visam proteger os interesses das exportações alemãs, tendo os países resgatados de aceitar medidas duríssímas, sem discussão democrática para obterem esse auxílio. A Olímpica ausência de referência às instituições europeias, mostra que a Alemanha está contente com uma Europa exclusivamente intergovernamental, em que ela manda e os outros obedecem[...]O factor chantagem e do terror sobre os mercados parte da estratégia da hegemonia de Merkel, retirando os prisioneiros da água a um segundo antes do afogamento, tem lesado dezenas de milhões de vida na periferia da Europa[..]240 mil portugueses (2% da população) saíram de Portugal em busca de trabalho, em dois anos, 200 mil empregos foram destruídos em 18 meses, o PIB caiu 3% em 2012, e vai cair mais 2,4% em 2013, com mais 80 mil postos de trabalho destruídos. As empresas públicas rentáveis (EDP, ANA, TAP, CP, CTT) estão a ser vendidas. Em 2014 a viabilidade do país estará ameaçada pelo aumento exponencial da pobreza, da desigualdade e do niilismo. Mesmo como província de uma Europa Alemã, Portugal não teria futuro. Num século, a Europa já se curou duas vezes dessa febre recorrente da hegemonia germânica. Nada indica que não o faça outra vez, com o inevitável mar de escombros."

por Soromenho Marques, in Radar Ensaio, revista Visão

FANTASMAS

"Na entrevista que deu domingo a este jornal, Belmiro de Azevedo contou uma história interessante. Um dia, Helmut Schmidt, quando era ainda (suponho) chanceler da Alemanha, resolveu deixar as coisas claras: "Vocês...", disse ele, "não andam depressa...Não tenham dúvidas de que o nazismo na Alemanha está em hibernação." E acrescentou que a Alemanha precisava de ser integrada na Europa custasse o que custasse. de que "nazismo", falava Schmidt? Não com certeza do "nazismo" de Hitler, com um estado policial e o plano de conquistar a Europa, incluindo a Rússia, pela guerra e exterminação. Ele sabia com certeza que a Alemanha, sem a força económica e o poder militar de 1939, não iria longe contra  oposição conjunta da América e da URSS e também da Inglaterra (com um exército de Reno) e da França, que De Gaulle armara com um arsenal nuclear.
E, no entanto, custa a admitir que o Schmidt falasse por falar ou só para impressionar Belmiro de Azevedo, que nunca ninguém tomou como um homem muito impressionável. De resto, a semana passada, Jean Claude Juncker, uma das grandes personagens de Bruxelas e antigo presidente do Eurogrupo, avisou o mundo que a situação actual é "arrepiantemente" parecida com a de 1913 e que quem julgar "que a eterna paz na Europa já não é um risco" se engana "redondamente". E o próprio chefe do grupo parlamentar SPD (Partido socialista da Alemanha), Bernhard Rapkay, se indigna quando vê cartazes com a sra Merkel de uniforme nazi. Ainda mais revelador, em Portugal, Rui Rio achou conveniente prevenir que há "fantasmas" que dormem e e recomendou as maiores "cautelas".

Que significa isto? Significa que desde o fim do século XIX existiram duas correntes no imperialismo alemão: uma, donde veio o nazismo, que favorecia a construção de um império clássico fundado na força; outra que preferia um império económico, que a Alemanha regeria através de estados clientes, embora aqui e ali com uma ocasional intervenção armada. A primeira hipótese acabou com a hegemonia absoluta da América, da Rússia e, agora, da China. A segunda, dentro de certos limite, continua a ser em 2013 uma possibilidade na Europa e os sinais não são confortadores. Basta pensar na Grécia, na Irlanda, em Portugal e no papel do Sr. Monti em Itália. E, sobretudo, na deslocação da política externa de Barack Obama da Europa para a Ásia e no desinteresse (temporário?) de Putin pelo ocidente. Que sucederá aos 27 sem a tutela dos "grandes"?"

Vasco Pulido Valente in Publico 15/Março/2013

A SOLUÇÃO ALEMÃ, POIS CLARO !

"Sabia que a Alemanha já teve uma dívida tão grande quanto a da Grécia?
Ao fim de mais uma avaliação da aplicação do memorando da Troika estamos piores em todos os aspetos e as previsões para o futuro são ainda mais assustadoras. Tivemos um ano de 2012 terrível - 25 falências por dia/17 desempregados por hora; taxa de desemprego média de 15,7%; queda do PIB de 3,2%; dívida aumentou, só em 2012, 51 milhões de euros por dia quebrando a fasquia dos 200 mil milhões de euros - atingiu 203,4 mil milhões, isto é, 122,5% do PIB.
Tudo a pior e ao contrário dos objetivos do Memorando de Entendimento.
Para 2013 as previsões, para além da dura realidade do maior aumento de impostos, são ainda piores.
O Ministro das Finanças prevê que o PIB vai voltar a cair 2,3% e que o desemprego vai aumentar para 19%. Foi negociado que as indemnizações por despedimento passam para 12 dias para os novos contratos. E os cortes de 4 mil milhões de euros nas despesas sociais do Estado ainda não foram concretizados...
E a grande novidade - vamos poder fazer tudo isto com um pouco de mais tempo - mais um ano!
Entretanto surge uma nova modalidade de assalto com a tentativa de criação duma taxa sobre depósitos no Chipre, inicialmente prevista para todos, mas agora parece que apenas para os depósitos de mais de 100 mil euros, mandando ao ar a confiança no sistema bancário europeu.
Com os planos de austeridade mais ou menos prolongados ou com as novas modalidades de assalto, o que é facto é que o remédio prescrito só tem agravado a doença e impedido a cura!
Mas existe cura para os problemas das dívidas com outro tratamento.
Sabia que a Alemanha já teve uma dívida tão grande quanto a da Grécia?
Sabia que essa dívida a cerca de 70 Países, contraída pela Alemanha em parte antes e em parte depois da guerra, atingia mais de 30 mil milhões de marcos?
Sabia que foi encontrada uma solução positiva para a questão dessa dívida no Acordo de Londres de 1953?
Esse Acordo adotou 3 princípios fundamentais:
- Perdão/redução substancial da dívida;
- Reescalonamento do prazo da dívida para um prazo longo;
- Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.
O pagamento devido em cada ano não podia exceder a capacidade da economia. Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e renegociação dos pagamentos. O valor dos montantes afetos ao serviço da dívida não poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de juro foram moderadas variando entre 0 e 5%.
Este acordo foi o pilar do chamado "milagre económico" alemão. Metade das suas dívidas foram perdoadas e como as prestações estavam condicionadas ao valor das exportações, era de todo o interesse dos credores comprarem mercadoria alemã. E assim se reergueu a Alemanha que ainda por cima teve nova ajuda europeia na fase da reunificação...
Porque não seguir, com as devidas adaptações, este exemplo de sucesso na solução da crise de endividamento dos Países que o fizeram por orientação da Comissão Europeia e de Durão Barroso como resposta à crise do subprime de 2007/2008 oriunda dos EUA e que consistiu em apelar aos Estados para se endividarem ou para "auxiliarem" a Banca ou para investirem em outras atividades?
Este exemplo de sucesso caíu no esquecimento dos líderes alemães. Dizem eles que não se podem comparar as situações. E têm razão! Não se pode comparar o endividamento dum País que pôs a Europa a "ferro e fogo" numa ânsia de domínio imperial causando dezenas de milhões de vítimas, com Países que foram aconselhados a endividarem-se como resposta à crise financeira de 2008.
Caso os Líderes Europeus continuem a insistir numa política de austeridade que não é mais do que o roubo de todos os avanços laborais e sociais para entregá-los aos apetites sem fim da finança a qual, convem nunca esquecer, está por detrás das grandes crises de 2007 e da atualidade, torna-se evidente que pretendem excluir milhões de cidadãos dos benefícios da civilização europeia e reduzi-los ao que de mais atrasado ainda existe no Mundo.

por Paulo Martins

Artigo publicado no jornal “Diário de Notícias”
do Funchal em 20 de março de 2013




"O perigoso senhor Schauble

Daniel Oliveira in Expresso.pt 2 de abril de 2013

"Sempre foi assim. É como numa classe, quando temos os melhores resultados, os que têm um pouco mais de dificuldades são um pouco invejosos". A frase é de Wolfgang Schauble, o todo-poderoso ministro das finanças alemão.Como bem defendeu Miguel Sousa Tavares, não é bem inveja que os povos da Europa sentem em relação à Alemanha. É mais ressentimento. Nascido não apenas de uma Europa destruída e do Holocausto, mas do crónico problema que a Alemanha tem com a sua própria identidade que a levou a ter dificuldades em conviver com os seus vizinhos europeus.
Não, os alemães não têm de passar séculos a pagar por crimes que cada um deles não cometeu e que aconteceram quando a maioria nem era nascida. Mas, quando se relacionam com os outros, têm de ter conta que há uma história. Quando Schauble compara a Europa a uma sala de aulas e trata os demais parceiros europeus como alunos cábulas e a Alemanha como o aluno brilhante não pode deixar de perceber, até pela sua idade avançada, os sinais de alarme que as suas declarações criam na Europa, sobretudo nos povos que estão a sofrer tanto com esta crise. Até porque estas declarações são coerentes com um comportamento arrogante, autoritário e sem respeito pela reserva que estadistas devem ter quando se referem a assuntos internos de outros países.
Depois da II Guerra, a Europa e os EUA, para consolidar a paz e não repetir os erros da guerra anterior, foram generosos com a Alemanha. Não a obrigaram a pagar pelos seus crimes de guerra. Ajudaram à sua reconstrução e democratização. Atiraram para o baú do esquecimento as responsabilidades de muitos muitos alemães por um dos maiores crimes que a humanidade até hoje conheceu. Os parceiros europeus dividiram, na prática, os encargos da reunificação. Criaram uma moeda única cedendo, e mal, como agora se vê, a todas as exigências da Alemanha, que sempre resistiu ao euro. Fecharam os olhos à violação dos limites ao défice, que os alemães, tão intolerantes com as falhas dos outros, foram, com os franceses, os primeiros a não cumprir.
Na realidade, a sala de aula foi feita para a Alemanha se sentir lá bem. E, para isso, os interesses de outros foram esquecidos. Todas as suas falhas foram ignoradas. Mas nem é isso que interessa agora. O que interessa é que o ministro Schauble, e não os povos da Europa, está a fazer tudo para reavivar fantasmas antigos. Alguns, os portugueses, pela sua posição oportunista durante a guerra, nem compreendem bem. Mas eles resultam de feridas tão profundas, que 70 anos não chegam para os fazer esquecer. Foram, a bem da paz e do projeto europeu em que ela se sustentou, ignorados durante décadas. Mas basta que a União Europeia se desmorone, como se está a desmoronar, e que o senhor Schauble ou outro responsável político alemão repita mais umas frases infelizes para que eles regressem. Como se tudo tivesse acontecido ontem.
Willy Brandt, Helmut Schmidt e Helmut Kohl sabiam que a única forma da Alemanha conseguir regressar, como era seu direito, à comunidade internacional e europeia, era conseguindo que o resto da Europa acreditasse que ela seria capaz de conviver com os restantes Estados europeus tratando-os como iguais. A ignorância política, a insensatez, o populismo ou a estupidez de Merkel e Schauble estão a criar, entre os europeus, um desconforto crescente. Há cada vez mais gente que se pergunta se é possível ter, em simultâneo, uma Europa próspera e cooperante e uma Alemanha forte. Se esta desconfiança não for travada a tempo, os alemães serão, mais uma vez, como no passado, as principais vítimas da sua arrogância. Porque eles são, de todos os europeus, os que mais precisam desta União que, com alguma preciosas ajudas, estão a destruir."




Novidades: Merkel: “Sabemos que vai haver vítimas em muitos países” mas este é o caminho para um crescimento sustentável."(ler: jornaldenegocios).
pode ser que no fim das vitimas, pela teoria de selecção natural de Darwin, fique uma raça superior..tipo a ariana estão a ver?



Mais:merkel-diz-que-paises-do-euro-devem-estar-preparados-para-ceder-soberania
É impressão minha ou até há bem pouco tempo estas afirmações equivaleriam a uma declaração de guerra?

Há umas boas décadas um tipo chamado Adolfo disse algo parecido...
Parem os alemães antes que eles vos parem a vocês...é pena, mas esta gente não se consegue enquadrar numa Europa de Estados, a menos que sejam eles a mandar, liderar, comandar, decidir por sua única e exclusiva vontade própria.
Para mim, está TUDO dito! 

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